**”Toyota RAV4 XSE PHEV: A Tradição Japonesa Vale o Investimento em um SUV Híbrido Plug-in?”**

Avaliação do Toyota RAV4 XSE PHEV: qual é o valor da herança de uma montadora japonesa?

A marca opta por não se precipitar em inovações, mesmo que isso resulte em preços quase duas vezes superiores aos de seus concorrentes.

A Toyota é conhecida por não se aventurar em tecnologias passageiras, preferindo desenvolver produtos sólidos que sejam viáveis e aprimorá-los ao longo do tempo, produzindo apenas o que realmente é necessário no momento. Essa abordagem é tão marcante que seu método de produção recebeu o nome de Toyotismo.

Embora a Toyota possa aparentar agir com cautela, sempre que implementou uma mudança significativa em tecnologia, acabou influenciando todo o setor. No final dos anos 90, ao introduzir o primeiro Prius, a empresa popularizou a fabricação de algo que você provavelmente já conhece: os carros híbridos.

Galeria: Toyota RAV4 XSE PHEV (BR)

Após quase três décadas, os veículos elétricos tornaram-se mais acessíveis, e as montadoras chinesas entraram no mercado com grande entusiasmo. A tecnologia híbrida plug-in surge como uma alternativa entre os híbridos tradicionais e os totalmente elétricos, representando uma evolução da expertise que a Toyota desenvolveu ao longo dos anos.

No entanto, existe um desafio: o RAV4 XSE PHEV mostrado nas imagens é um SUV híbrido plug-in que custa R$ 402.420, oferecendo um tamanho e um sistema de eletrificação bastante semelhante ao do Haval H6 PHEV19, que tem o preço de R$ 239.990. Será que compensa pagar quase o dobro apenas pelo nome da marca, ou há outros aspectos que merecem ser considerados?

O primeiro plug-in da marca no Brasil

A geração atual do Toyota RAV4 estava disponível no país desde 2019 na versão híbrida tradicional. No entanto, o RAV4 XSE PHEV foi lançado no mercado brasileiro em abril de 2024, marcando um avanço nas opções de veículos eletrificados, além da híbrida convencional, que a marca tem promovido ao longo das últimas décadas.

Um dos aspectos que se destacam neste modelo é seu sistema de tração integral. Ele é composto por um motor a gasolina de 2.5 litros, que é bastante potente para os padrões atuais, combinado com dois motores elétricos, um em cada eixo. A potência total alcança 306 cv, embora a fabricante não revele o torque total. O motor elétrico na dianteira possui 182 cv e 27,5 kgfm, enquanto o motor a combustão gera 185 cv e 22,7 kgfm. Já o motor elétrico traseiro, que desempenha uma função mais auxiliar, fornece 54 cv e 12,3 kgfm.

O RAV4 PHEV utiliza um conjunto de baterias com capacidade de 18,1 kWh para alimentar seu sistema elétrico, uma especificação bastante semelhante à dos modelos Haval H6 PHEV19 e BYD Song Plus. No entanto, esses dois modelos chineses não oferecem tração nas quatro rodas, limitando-se à tração dianteira em suas versões. Quanto à recarga do sistema elétrico, o SUV da Toyota não possui opção de carregamento rápido em corrente contínua (DC). Na carga alternada (AC), a potência suportada é de 6,6 kWh, o que permite que o RAV4 recarregue suas baterias completamente em aproximadamente duas horas e meia, segundo informações da fabricante japonesa.

O RAV4 PHEV apresenta dimensões que se mantêm constantes, medindo 4.600 mm de comprimento, 2.690 mm de distância entre eixos, 1.855 mm de largura e 1.690 mm de altura, características que o tornam comparável ao GWM Haval H6. Além disso, o espaço do porta-malas oferece uma capacidade de 490 litros.

O RAV4 PHEV conta com uma série de equipamentos, incluindo um painel de instrumentos com uma tela TFT de 12,3 polegadas, um sistema de multimídia atualizado com uma tela de 10,5 polegadas, um display heads-up que apresenta dados sobre a rota, velocidade e controle de cruzeiro, além de ar-condicionado digital com duas zonas e função de acionamento remoto.

O conjunto de assistentes inclui funções como manutenção de faixa e aviso de mudança de faixa, um sistema LTA com câmera de reconhecimento frontal, radar e sensores para monitoramento do ponto cego, faróis altos que se ajustam automaticamente, um sistema de pré-colisão frontal com frenagem automática de emergência, controle de cruzeiro adaptativo, entre outras funcionalidades.

Trata-se de um PHEV, mas com o estilo característico da Toyota. Antes de criticar o valor do RAV4 PHEV, é importante lembrar que esse SUV é um dos mais populares nos Estados Unidos há vários anos e também conta com versões tradicionais. Portanto, seu design está mais em sintonia com os modelos norte-americanos da marca do que com os Yaris, Yaris Sedan, Corolla e Corolla Cross fabricados localmente.

A grade ampla e os faróis estendidos se assemelham mais ao estilo da Hilux do que ao dos veículos de passeio. Essa aparência forte é bastante apreciada nos Estados Unidos. O mesmo se aplica à parte traseira e às laterais, que são bem definidas.

A cabine atende plenamente às expectativas em relação à qualidade dos materiais e à montagem características da marca Toyota. No entanto, por ser o RAV4 PHEV um modelo de categoria superior, ele apresenta um número maior de superfícies agradáveis ao toque. Esse aspecto, embora tenha avançado, ainda deixa a desejar quando comparado a modelos provenientes da China, que têm, por assim dizer, "margem para aprimoramentos".

Um conforto ao assumir o volante do RAV4 (que possui aquecimento e ventilação nos bancos) é perceber que os controles são familiares, com botões físicos. Diferente de alguns modelos chineses que dependem exclusivamente de grandes telas, o RAV4 oferece uma experiência muito mais prática. Para ilustrar, se eu der o RAV4 PHEV ao meu avô de 80 anos, ele não encontrará dificuldades para começar a dirigir. Já com os modelos chineses, isso não é tão garantido.

No que diz respeito à certeza, embora os botões físicos não representem o ápice da evolução no setor automotivo, estou convicto de que a Toyota dedicou várias centenas de horas de trabalho da equipe de engenharia para garantir que tudo opere de forma eficiente, lógica e duradoura.

Com um tamanho que se enquadra na categoria de SUVs médios a grandes, o RAV4 PHEV oferece bastante espaço e conforto. Os passageiros do banco traseiro também desfrutam de aquecimento nos assentos. Embora isso possa não ser tão necessário em um país que tem enfrentado ondas de calor históricas nos últimos anos, demonstra uma atenção especial com todos os ocupantes, não apenas com os da frente.

A utilização do sistema híbrido é fácil. Ele oferece um modo elétrico, um híbrido tradicional e um modo Sport para maximizar o desempenho. Além disso, é possível manter o motor a combustão ativo para recarregar a bateria até atingir o nível desejado.

No entanto, surgem algumas surpresas: embora a Toyota afirme que o carro tem uma autonomia elétrica de 55 km, ao ativar o modo 100% elétrico, o motor a combustão só foi acionado após mais de 94 km. No painel de bordo, consegui registrar quase 7 km/kWh, uma eficiência impressionante, até mesmo para um veículo totalmente elétrico.

Além disso, a empresa, que possui décadas de experiência no estudo de baterias, estabelece uma regra que impede que a carga caia abaixo de 25% da capacidade total. Essa estratégia tem como objetivo prolongar a vida útil das baterias e assegurar que os motores elétricos sempre tenham energia disponível, independentemente das circunstâncias.

Há também outro aspecto em que a experiência da Toyota se destaca: o pedal do freio. À primeira vista, pode parecer algo trivial, mas ao dirigir um carro em que a transição entre o freio regenerativo dos motores elétricos e os freios convencionais não é bem feita, você percebe a diferença. Na primeira fase, é como se estivesse pisando em uma mola, e ao chegar à segunda, o carro para abruptamente. No RAV4, o sistema de freios funciona como em qualquer veículo, sem surpresas ou a necessidade de adaptação.

Mesmo ao escolher dirigir exclusivamente com eletricidade, se você pressionar o acelerador até o fundo, o RAV4 interpretará isso como uma corrida pela sobrevivência e acionará todo o seu potencial, incluindo o motor a gasolina de 2.5. Portanto, é melhor se preparar: a aceleração de 0 a 100 km/h em apenas 6,3 segundos pode surpreender alguns desatentos, mesmo sendo um SUV de grande porte e pesando quase 2 toneladas.

Não restam dúvidas sobre o desempenho do RAV4 nas estradas; ele é um veículo que proporciona conforto mesmo em longas viagens. No entanto, há um pequeno porém. O funcionamento do motor elétrico é tão silencioso que a ativação do motor a combustão se torna bastante evidente. Já os fabricantes chineses conseguiram aprimorar essa transição.

Além disso, é importante lembrar: se você não tem acesso a locais para recarregar as baterias, evite comprar um veículo plug-in e opte por um híbrido convencional. Caso contrário, você acabará carregando o peso adicional das baterias maiores sem aproveitar as vantagens de um sistema de propulsão totalmente elétrico. Os veículos híbridos plug-in, como o RAV4, são uma excelente opção para quem deseja um carro elétrico, mas questões como longas viagens e a escassez de pontos de recarga nas estradas ainda geram incertezas.

O RAV4 PHEV não opera isoladamente, por isso é natural fazer comparações com outros modelos híbridos plug-in, sejam eles chineses ou de outras marcas. O preço quase duas vezes superior ao de um Haval ou um BYD é complicado de aceitar, mesmo com as qualidades que o SUV da Toyota oferece. No entanto, a Toyota conta com uma rede de assistência mais ampla, uma experiência maior no mercado brasileiro, a promessa de um menor custo de manutenção e, por isso, deve enfrentar menos desvalorização no setor de seminovos. Além disso, seus 25 anos de atuação no segmento de híbridos têm seu peso.

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Toyota RAV4 Híbrido Plug-in

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